quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pecuária extensiva na Região Serrana, Norte e Noroeste do Rio de Janeiro e seus impactos sócio-ambientais.

A criação extensiva de gado bovino nas regiões serrana, norte e noroeste do estado do Rio de Janeiro não é uma atividade produtiva economicamente viável. Hoje esta atividade está decadente e restrita a uma produção insignificante de leite suficiente para manter a cooperativa dos produtores funcionando, gerando alguma mão de obra local e assegurando aos cooperados os benefícios sociais, de saúde e previdência.

A criação extensiva, por não manter os animais confinados, depende de extensas áreas de pastagens, muitas vezes em proporções menos densas que uma cabeça de gado por hectare. Isto pressupõe a necessidade de formação de latifúndios e que em termos de Rio de Janeiro, principalmente em áreas com topografia movimentada, tal situação torna-se muito problemática. Assim a existência de áreas florestadas passa a ser um complicador que impede que o produtor rural desenvolva sua atividade.

Esta atividade produtiva que emprega pouca mão-de-obra e provoca os "vazios humanos", causam a expulsão da população rural, concentrando os mais variados problemas sociais nas cidades pois, na maioria dos casos, encontram-se despreparadas para absorver esse contingente.

Nos meses de abril a setembro as áreas de pastagens ficam secas, tornando-se inadequadas para alimentar o gado. É justamente nesse período que ocorrem as queimadas.

O uso do fogo é uma prática de limpeza de pastagem quase que obrigatória para o pecuarista, visto que os serviços de roçada são caros e inviáveis dentro desse sistema produtivo decadente.

Infelizmente o uso do fogo tem sido o maior vetor de desmatamento, ou seja, de substituição das áreas florestadas por pastagens, visto que os cortes de vegetação nativa têm sido muito combatidos pelos órgãos ambientais e denunciados pela sociedade. Já o uso do fogo, de difícil identificação do autor, tem uma resposta social distinta dos desmatamentos.

A criação extensiva esgota a capacidade do capim em fornecer matéria alimentar. Com isso o solo fica desprotegido e mais exposto aos processos erosivos, principalmente a chuva.

Outro fator fundamental que contribui para o agravamento da degradação do solo é o pisoteio do gado. As patas dos animais compactam o solo dificultando sua absorção das águas da chuva que passam a escoar pela superfície arrastando o material desagregado, dando início à erosão (ravina).

Assim, com todos esses fatores negativos observa-se o inicio de processos erosivos com o aparecimento das ravinas (erosão da camada superficial pelas águas das chuvas). Num momento posterior este processo erosivo será substituído pelas voçorocas.